21 de junho de 2015
Terapia de Casal
O livro Terapia Comportamental para Transtorno da Personalidade Bordeline, de Marsha Linehan, apresenta muitos avanços e inovações na condução de terapia com pacientes diagnosticados como borderlines. Neste texto, em particular, gostaria de comentar algumas passagens do livro que tratam de um dos aspectos deste transtorno – mas que não se limitam a ele – que é o conceito de parassuicídio.
A palavra parassuicídio foi definida por Kreitman em 1977, com o objetivo de clarear comportamentos que são geralmente confundidos com o suicídio ou com tentativas de suicídio.
“Kreitman introduziu o termo parassuicídio como rótulo para:
O parassuicídio, conforme definido por Kreitman, inclui tentativas de suicídio reais e ferimentos contra si mesmo (incluindo automutilação e queimaduras) com pouca ou sem intenção de causar morte. Ele não envolve tomar drogas não prescritas para se dopar, para ter uma noite normal de sono ou para se automedicar.
Também é diferente de:
Segundo Linehan, apesar de o termo parassuicídio se aproximar, em certo sentido, de tentativa de suicídio e suicídio, a ideia é tornar mais evidente uma classe de comportamentos normalmente taxados de manipulação, ou seja, como se o indivíduo, ao se machucar, estivesse querendo manipular o meio em que está. Razão pela qual parassuicídio poderia tirar este rótulo (de pessoa manipuladora) para um paciente que precisa de ajuda e evitaria a culpabilização.
Além do fato de que o parassuicídio descreveria também motivações diferentes da mera manipulação, como a procura por reduzir a ansiedade.
E, embora o problema da automutilação seja controverso no que tange às causas, pesquisas indicam algumas características típicas do paciente (que podem ser diagnosticas, mas nem sempre, com o transtorno borderline).
“O quadro emocional dos indivíduos parassuicidas é de desregulação emocional aversiva e crônica. Eles parecem mais raivosos, hostis e irritáveis do que indivíduos psiquiátricos não suicidas ou não psiquiátricos, e mais deprimidos do que aqueles que morreram por suicídio” (LINEHAN, p. 27).
Mais a frente, Linehan continua:
“A desregulação interpessoal é evidenciada por relacionamentos caracterizados por hostilidade, exigências e conflitos. Em relação aos outros, os indivíduos parassuicidas tem sistemas de apoio social fracos. Quando interrogados, relatam que as situações interpessoais são seus principais problemas na vida. Os padrões de desregulação comportamental, com o abuso de substâncias, promiscuidade sexual e atos parassuicidas anteriores são frequentes. Geralmente, é pouco provável que esses indivíduos tenham as habilidades cognitivas necessárias para lidar efetivamente com seus estresses emocionais, interpessoais comportamentais” (LINEHAN, p. 27).
Não entraremos em detalhes aqui sobre as características e tratamentos para o Transtorno Borderline. Mas cabem algumas palavras sobre a relação com o parassuicídio.
De acordo com Marsha Linehan, é bastante comum que pacientes parasuicidas crônicos preencham os critérios para o Transtorno Borderline: “No meu ponto de vista, esses indivíduos preenchem os critérios para TPB de um modo singular. Eles parecem mais deprimidos do que seria de se esperar… e também apresentam supercontrole e inibição da raiva, que não são discutidos no DSM-IV” (LINEHAN, p. 28).
Neste breve texto, procuramos descrever um conceito pouco familiar entre os profissionais da saúde mental, o parassuicídio. Para gravarmos o que este conceito propõe, devemos nos lembrar de uma classe de comportamentos de automutilação que não necessariamente possuem a intenção definida de ser uma tentativa de suicídio visando causar a própria morte.
Ou seja, o comportamento ocorre, não raro com uma frequência relativamente alta, mas não se trata de uma real tentativa de suicídio. Linehan critica a utilização da palavra manipulação (consciente ou até mesmo inconsciente), já que não se deve confundir a função do comportamento com a intenção.
Apesar de o parassuicídio não se confundir com uma tentativa real de suicídio, trata-se de um comportamento que exige tratamento psicológico e psiquiátrico.
por, Vanessa Reis
A automutilação é um problema cada vez mais comum, principalmente entre adolescentes e jovens, porém pouco conhecido e abordado nos meios educacionais e muitas vezes a própria família de quem sofre com este problema, não percebe, pois em geral eles escondem o máximo possível. Hoje já existem grupos e perfis nas redes sociais que até mesmo incentivam esta prática como forma de alívio da angústia, ansiedade, tristeza, entre outras emoções, com as quais algumas pessoas não conseguem lidar.
Cabe ficarmos atentos e se você estiver sofrendo com este problema, ou conhece alguém que esteja, saiba que existe tratamento, a psicoterapia é uma parte do tratamento muito importante, pois visa tratar a raiz do problema, entendo a origem dos sentimentos que levam a pessoa a praticar automutilação ou até mesmo atentar contra a própria vida.
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One thought to “Automutilação e o conceito de parassuicídio”
Dedicated servers
12 de maio de 2017 em 21:05
Embora nao haja intencionalidade de acabar com a vida na automutilacao, os jovens que a cometem correm um maior risco de suicidio.